sexta-feira, 8 de março de 2013

MULHER III


Mulher!
Em carinhos e buscas
és fêmea bela e ofuscas
com teu brilho estelar...

Com sorrisos, ganhas vida
e com vida, mil sorrisos
pois és favo, és pólen e sina
num transporte a paraísos.

Em cantatas és o tema
qual poema sem igual
pois belezas em ti nascem
como tela em cor qualquer
por fim, aos olhos, mulher
és uma flor natural.

És razão, carícia e força
como um raio sedutor
que inspira e concretiza
os sonhos puros de amor.

Do livro "ANVERSO LACÔNICO" de Linaldo Oliveira - Pág.: 63)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

SEMENTE PRECOCE



Como-te
maçã, desnorteado
sem boca nem dentes.

Como-te
maçã, trêmulo
se sujo-te sempre.

Planto
no seio teu
minha semente
e broto-me quase
(in)fundado com medo
pois chamo-te sem nome
(menina da vida).

(Linaldo Oliveira - (REBENTO & REFLEXIVO - Pág. 41 - (1993))

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FAZER POR FAZER

Escrever pra que?
Fazer prosa ou rima
desenvolver o clima
na siombiose do ser?

De nada adianta
pois ninguém lê!

Se fosse um assassinato
um acidente
um assassino?
Um esquartejado menino
vísceras no asfalto, um assalto
legiões estariam aos cotovelos
saciando seus zelos
pois a morte fascina...

E se fosse menina
com genitálias rasgadas?
Ah! Seriam milhares
de "n" lugares
ávidos por fotos.
(Não prescisa rimar,
afinal não há ninguém pra notar!)

E motos?
Quebradas que ficam
debaixo de carros?
As pernas e braços
que ficam nas estradas
de sangue banhadas.
Os destinos?
A "veja"!
(É com "v" minúsculo, mesmo!)
Ver.
Sôfrego.
Quem não deseja?

Escrever pra que?
Se não mostrar desgraça
é talvez por pirraça
que ninguem quer saber...

... então o que resta
é FAZER POR FAZER.


Linaldo Oliveira - ( Composição fruto de um momento tosco do presente)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

UM CERTO PAÍS


Leis que não julgam
normas que não consertam
homens que desertam
de leitos mortais
país dos aflitos
gerador de conflitos
não muda jamais.

Com heróis renascidos
das cinzas vorazes
dos braços tenazes
de um país "varonil"
que acumula vantagem
pra quem de passagem
não julgou seu perfil.

País muito rico
que nega sua pobreza
com ar de nobreza
no mundo lá fora
quer ser poderoso
e todo vaidoso
se entrega e se aflora.

 Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 55)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

LACRES

Indubitáveis são
Linaldo Oliveira - (Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 51)
a nossa geração e voz
incompatibilidade
falsa liberdade
sem nós e sem amarras
sem grana ou garras
homo-miseráveis.
  
De bebidas caras
de bocas e taras
em caros motéis
de irmãs e filhas
sem lacres nas trilhas
que bramem fiéis
pois entregam-se
e abrem-se.



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ACROSSOFIA

Se não fora um mundo bom
careceu destruir ou imolar
pois o autor de uma obra
tem o direito de desfazer sua criação
retocá-la ou lapidá-la.

Mas, em vendo a bondade
tudo retomara pela reedificação
e novamente o passado emerge
porém existe a promessa
(O arco-íris)
e o autor não volta atrás.

Houve conversão e fé
então, um mediador para as dores
a mão direita e redentora
que sacrificara-se pelo mundo
e voltará para a colheita
porque haverá graça.


Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 44)

DESESPERO

Alguém caminha pelas ruas,
olha o relógio,
Ele sente como se enfrentasse
o momento mais terrível de sua vida,
o prenúncio de sua morte,
instantes mais aterrorizantes
que todos os pesadelos que já viveu.
Aperta o passo e olha para o relógio
que parece estacionado no tempo.
O canto dos animais noturnos
mais parece um hino das profundezas do seu ser.
Um frio percorre o seu coração
que acelera mais e mais.
Agora, uma força estranha
o atrai para lugares desconhecidos,
caminhos que seus pés se negam a seguir.
Tenta parar, porém, é levado à força.
Grita com pavor na noite.
... só alucinantes ecos como resposta.
De repente, pensa estar ficando louco
pois o vento frio fere sua alma como fogo
e os galhos das árvores
parecem tenazes braços à sua procura.
Ele grita mais alto,
mas dessa vez só o silêncio,
só lembranças do passado,
imagens de suas vítimas sorriem ao seu lado.
De repente, o vazio total.
... a morte.

Ao acordar, o medo,
pois o pesadelo poderia se tornar realidade.
Então, um juramento forçado,
a chance de se redimir
e, ao menos, tentar e evitar novos erros.


Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 45)